17.fev.2011 - D. Wilma

Infelizmente, a idéia do blog nasceu bem depois que fiz as entrevistas. Fui aprendendo a fazer as transcrições aos poucos, e comecei a anotar no começo delas a impressão que tinha ao chegar na casa de cada entrevistado.

A primeira entrevista é de D. Wilma, e nela não fiz essas anotações. Aliás, a primeira transcrição foi equivocada: transcrevi apenas as frases que, naquele momento, achei mais impactantes. Orientada pela prof. dra. Maria Fernanda, passei a transcrever as entrevistas por inteiro.

Por isso retomei a entrevista de D. Wilma.

Estou contando tudo isso, por dois motivos:

Primeiro: tento agora pensar no dia da entrevista e lembro de 'cenas' soltas, as mais impressionantes e belas: o marido de D. Wilma, senhor F., segurou forte minha mão. Não falava, mas aqueles imensos e lindos olhos claros pareciam alegres, como os de um bebê. Também me lembro de D. Wilma dando suco na boca do marido, com amor, paciência.
Também me lembro dela sentada com as pernas esticadas pra tentar descansar, me mostrando que fez as unhas há pouco tempo, porque resolver voltar a se cuidar, depois de meses 'se esquecendo de si mesma'.

Segundo: transcrever toda a entrevista dela, depois de já ter entrevistado outras pessoas, foi surpreendente, porque enfim percebi que já na primeira entrevista estava tudo o que os outros cuidadores falam. Ela falou por horas, se abriu com uma generosidade incrível, mesmo contando todos os aspectos terríveis desta doença. "Sabe o que é chorar até doer a boca do estômago?" ela me pergunta. E depois: "Ele gosta muito quando às vezes ele ta andando, eu paro aí bato assim testa com testa com ele, sabe fazer “tum-tum”? Que nem neném sabe? Ele dá risada..."

Como não se impressionar com esta senhora maravilhosa? E como agradecer sua generosidade? Eu fiz um primeiro contato por telefone, nos conhecemos no dia da entrevista, e mesmo assim ela dividiu tudo o que pode conosco.

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