Não sei bem porque comecei pelos grupos de apoio, provavelmente porque eu não tinha ideia do quanto esta doença está próxima de cada um de nós. Hoje percebo que já conhecia várias pessoas com casos de Alzheimer na família e não sabia. De qualquer forma, o encontro com os grupos de apoio foi um presente.
Comecei o contato com o grupo de apoio da Penha, pela proximidade com o bairro em que moro. Minha primeira visita ao "grupo" foi em janeiro de 2012.
"Grupo" assim entre aspas porque no dia, apenas a coordenadora Yone de Moura Beraldo, seu marido Paulo Roberto e eu comparecemos. Ela me disse que no mês de janeiro geralmente não há reuniões porque é considerado um mês de férias, ela no entanto resolveu fazer o encontro, preocupada com algum "desavisado".
Quem ganhou com isso claro, fui eu. Por uma hora "tive dona Yone só pra mim" e fiz, sem programar, minha primeira entrevista.
D. Yone é muito doce, não sei como a descrever de outra forma. Hoje coordena o grupo, mas entrou nele há anos para procurar apoio, quando sua mãe, Adelaide Menezes de Moura, foi diagnosticada.
Dessas pessoas que a gente sente carinho logo de cara, fala aos cuidadores com a experiência de quem cuidou anos da mãe, que passou por todas as fases da doença, até falecer há 4 anos.
O marido, fica o tempo todo calado ao lado, ouvindo... É verdade que às vezes seus olhos entregam as lembranças de quando ele ajudava d. Yone a cuidar da mãe. Ajudou com tanta dedicação e carinho que D. Yone lembra que uma das últimas coisas que d. Adelaide ainda reconhecia era o tom de voz de "seu" Paulo.
Há muita tristeza claro, não é fácil e D. Yone não nega, mas surpreende porque agradece à Deus por tudo que passou, e ensina: “Sou uma outra pessoa. Poucas pessoas sabem como eu o quanto é importante valorizar um simples olhar e até mesmo um sorriso".
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